Perguntar acerca do que seja o objeto da ciência que se estuda não pode encontrar espaço mais
adequado do que na filosofia. Só o estudante de filosofia é capaz de indagar-se constantemente
acerca da definição da ciência da qual se ocupa. O estudante de qualquer outra área do
conhecimento se o fizer, estará filosofando.
Aliás, como se sabe, filosofar não é prerrogativa apenas
de quem estuda filosofia. Filosofar é ínsito à natureza do ser humano. SER humano é PENSAR. Não se
pode SER humano sem PENSAR. PENSAR, categoricamente, é próprio do existir humano.
Mas,
afinal, o que é esse PENSAR FILOSÓFICO?
Minha definição: Pensar filosoficamente é cutucar,
racionalmente, os limites da conhecimento posto. Portanto, para mim, filosofar não é fazer o trivial,
pois este já foi pensado, mas enveredar por uma senda na abóbada do intelecto, proveniente de uma fresta causada pela teimosia do ser humano em autoconhecer-se, a buscar insistentemente
pelo sentido de tudo, pelo significado das coisas e da vida. Filosofar é extasiar-se diante do
indecifrável, do inefável, do indescritível, do inexplicável, dos fenômenos que se mostram absurdos
e, diante disso, buscar respostas racionais.
A filosofia é o instrumento para o filosofar. Por
convenção, sabe-se quando, histórica e geograficamente, nasceu a filosofia. Pela história da
filosofia sabe-se até quem foi o primeiro filósofo e sua primeira especulação; impossível, no
entanto, é dizer quem foi o último filósofo, ou melhor, quem está sendo, neste exato momento, o
filósofo e qual é a sua causa.
Enfim, o que é filosofia? Não posso ter outra definição, senão a de que a filosofia é vida e filosofar é viver, é respirar, é se sentir
gente, é se autoconhecer e se afirmar existencialmente.
Filosofia, o que é isto? filosofar, o que é isto?
Ora, filosofar é perguntar o que é isto!
Sou filósofo!