(Créditos para Salvador Dali por essa magnífica pintura. Belíssima!)
O
tempo é algo que sempre me intrigou. O diálogo com o tempo e a
coragem de defrontar-se com ele vive a me instigar quando me
confronto com as etapas da vida, infância, juventude e velhice. Hoje
visitei os tios de minha esposa. Sou um observador das idades!
Enfim, a vida não se cansa de
multiplicar e apresentar possibilidades. Que vivam os jovens e os
velhos e todos possam trocar suas experiências. Quanto a mim, sinto-me eternamente no meio de dois gigantes: o passado, que até há pouco era um segundo; e o futuro, o engolidor de agora e do que passou!
Mas sempre fica a
recordação de uma vida que viaja no tempo, admirando-o e
repeitando-o na sua imensa majestade.
Nessa estrada em que trago a vida
Eu me perco e nem sei quem sou
Sugo o tempo numa bebida
Venço o
passo que me alcançou
Vidas muitas que me assolaram
Vidas muitas que me assolaram
Moças
pardas, loiras e pretas.
Laços ternos que me assomaram
Tristes mares, coisas secretas.
Risos lânguidos, dissabores.
Festas pálidas, tempo largo
Flores, pétalas: tantas cores
Nos sorrisos que imprimem o cargo
Em
licores toscos amores
Que viagem de um gosto amargo!