sexta-feira, 19 de junho de 2020

NOITES BRANCAS - DOSTOIÉVSKI


Obra de Fiódor Dostoiévski, publicada em 1848

Li e gostei!

Noites brancas, título que remete a uma paisagem decorrente de uma variação climática que ocorre durante o verão de São Petersburgo, demonstra a genial capacidade do autor em conciliar sonho e realidade. A cidade de São Petersburgo está situada ao norte da Rússia.
 
A obra, escrita antes da prisão de Dostoiévski, é a que mais aproxima o autor do gênero romântico. 

As personagens do conto, com características psicológicas muito bem construídas, tecem a trama do amor, a partir do relacionamento entre um homem, de aproximadamente 26 anos (sonhador, tímido, solitário) com Nástienka, uma jovem e bela moça, também romântica e sonhadora, cuja descrição revela a sua tenra idade, 17 anos.

O desenrolar dessa bela história acontece ao longo de quatro noites, em que se estabelecem os encontros e diálogos do jovem casal. 

A primeira noite, em que o rapaz se aventura, saindo de casa, revela uma característica própria do amor, que é a desinstalação. Não ama aquele que tem medo de sair de si e se aventurar. O amor é uma aventura! Para que haja o amor deve haver um movimento dinâmico de saída de si e abertura para o outro. Na história do escritor russo, que se desinstala, quem sai de casa em noites brancas pode até, quem sabe, encontrar uma donzela pranto, ávida para ser consolada.  

A tentativa de conter as lágrimas da donzela dá início a um envolvimento sentimental do rapaz, mas que, por fatos que não revelarei aqui, para não haver spoiler e você, leitor, se movimente para ler conhecer essa fascinante história, visto que ela implica num amor não correspondido, não tendo sucumbido à tentativa de um subterfúgio, fato que, em relação ao amor, isso é impossível, pois o amor é pessoal e exigente de fidelidade.

Vale muito a leitura dessa instigante história, visto que ela remete à condição da ocorrência natural do amor que pode ser acontecer de fato ou apenas através da luz de um sonho, mas que merece ser vivido, pois representa um valor humano que, necessariamente, nos tira da zona de conforto, oferecendo o prêmio de sair da solidão. 

Ao final, sabe-se, o amor, por si, sempre valerá a pena ser vivido, pois é o sentimento que nos desinstala e nos remete a uma grande aventura, que pode ser prazerosa ou não.

Apesar de qualquer coisa, sempre deve-se dizer: viva o amor, viva a vida!