A morte no contexto de um
ciclo de vida
Platão: “É a
separação entre a alma e o corpo” (Fedon, 64c)
Plotino: “Se a vida e
a alma existem depois da morte, a morte é um bem para a alma porque
esta exerce melhor sua atividade sem o corpo. E, se com a morte a
alma passa a fazer parte da Alma Universal, que mal pode haver para
ela?” (Enn. I, 7, 3)
Schopenhauer: “A
morte é comparável ao pôr-do-sol, que representa, ao mesmo tempo,
o nascer do sol em outro lugar” (Die Welt, I, 28).
A morte considerada como o fim de um ciclo
de vida
Marco Aurélio:
Considerava a morte como um repouso ou cessação das preocupações
da vida: “Na morte está o repouso dos contragolpes dos sentidos,
dos movimentos impulsivos que nos arrastam para cá e para lá como
marionetes, das divagações de nossos raciocínios, dos cuidados que
devemos ter com o corpo” (Recordações, VI, 28).
Leibniz: “Não se
pode falar de geração total ou de morte perfeita, entendida
rigorosamente como separação da alma. O que nós chamamos de
geração sem desenvolvimentos e acréscimos, e o que chamamos de
morte são involuções e diminuições” (Monad., § 73). Com a
morte a vida diminui e desce para um nível inferior ao da apercepção
ou consciência, para uma espécie de “aturdimento”, mas não
cessa (Principes de la nature et de la grâce, 1714, § 4).
Hegel: “A inadequação
do animal à universalidade é sua doença original e germe inato da
morte. A negação desta inadequação é o cumprimento de seu
destino” (Enc., § 375).
Bíblia: Trata a morte
como pena do pecado original (Gn., II,17; Rm, V, 12).
Tomás de Aquino: A
morte, a doença e qualquer defeito físico decorrem de um defeito na
sujeição do corpo à alma. E assim como a rebelião do apetite
carnal contra o espírito é a pena contra o pecado dos primeiros
pais, também o são a morte e todos os defeitos físicos” (S. Th.,
II, 2, q. 164, a.1).
A morte considerada como possibilidade
existencial
A morte não é um acontecimento particular,
situável no início e no término de um ciclo de vida do homem, mas
uma possibilidade sempre presente na vida humana, capaz de
determinar as características fundamentais desta.
Dilthey: “A relação
que caracteriza de modo mais profundo e geral o sentido de nosso ser
é a relação entre vida e morte, porque a limitação da nossa
existência pela morte é decisiva para a compreensão e avaliação
da vida” (Das Erlebnis und die Dichtung, 5ª ed., 1905, p. 230).
Jaspers: A morte,
expressa no conceito de situação-limite é uma “situação
decisiva, essencial, que esta ligada à natureza humana como tal e é
inevitavelmente dada como o ser finito” (Psychologie der
Weltanschauugen, 1925, III, 2; trad. it., p. 266; cf. Phil., II, pp
220 ss.).
Heidegger: “A morte,
como fim do ser-aí (Dasein), é a sua possibilidade mais própria,
incondicionada, certa e, como tal, indeterminada e insuperável”
(Ser e Tempo, § 52). “A morte nada oferece para o homem realizar
e nada que possa ser como realizada atual. Ela é a possibilidade da
impossibilidade de toda relação, de todo existir” (ibid., § 53).
Abbagannano: A morte é
a nulidade possível das possibilidades do homem e de toda a forma do
homem” (Structura dell'esistenza, 1939, § 98; cf. Possibilità e
libertà, 1956, pp. 14 ss.).
Merleau-Ponty: O
sentido da morte é a “contingência do vivido ” , “a ameaça
perpétua para os significados eternos em que este pensa expressar-se
por inteiro” (Structure du comportement,1942, IV, II, § 4).
Dignidade da pessoa: Atualmente o problema
da morte está no centro do debate da bioética, que trata da
redefinição da morte (não mais entendida como morte cardíaca, mas
como morte cerebral) e a liga ao problema da dignidade da pessoa
(questão da obstinação terapêutica, da retirada de órgãos, da
eutanásia).
Hans Jonas: Indicando o
direito de morrer, ele afirma que o homem tem “o direito de tomar
posse da própria morte na consciência da sua iminência (portanto
não apenas na consciência abstrata da
mortalidade” (Il
Diritto di morire, trad. it., 1991, p. 28). Tudo isso em nome da
“autêntica vocação da medicina” no sentido de que “a tutela
da medicina tem a ver com a integridade da vida ou pelo menos com a
situação na qual ela seja ainda desejável” (p. 49).